quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O estímulo para ensinar e aprender depende de formação e reconhecimento A segunda base do tripé está ligada ao envolvimento da equipe com a aprendizagem dos alunos. Há quem pense que aumentar o entusiasmo com o trabalho depende de dinâmicas de grupo e elogios. Engano. A motivação requer uma série de fatores articulados, que vão desde as condições favoráveis de trabalho para o grupo até a experiência pessoal de cada um em encontrar sentido no papel que desempenha. Bom salário é motivador? Sem dúvida. Assim como boas perspectivas de crescimento pessoal e profissional e espaço, tempo e materiais adequados. Mas é preciso ir além. "O simples fato de o gestor fazer reuniões periódicas com todos os segmentos e dar um tratamento profissional às relações estabelecidas é estimulante para criar um vínculo sólido", diz Maura Barbosa, consultora de GESTÃO ESCOLAR.

Além das reuniões por setores, são essenciais os debates coletivos para a construção e a revisão do projeto político-pedagógico (PPP). "Esses encontros são formativos e é por meio deles que se consegue conquistar o grupo e uni-lo em torno de objetivos comuns", afirma Elisabete Ferreira Esteves Campos, do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Educadores da Universidade de São Paulo (Gepefe/USP). Em resumo, quem ajuda a definir metas e a traçar estratégias para atingi-las naturalmente se envolve mais. E ainda que esse estímulo comece com alguns, logo outros serão "contagiados".

Paralelamente às ações que alimentam a vontade de ensinar e aprender, é necessário investir no estudo e no reconhecimento de práticas inovadoras, atestando com isso que ali as pessoas têm espaço para criar e ser agentes de mudança. "Diretores e coordenadores devem dotar a equipe de autonomia e reconhecer a importância das sugestões e opiniões na manutenção da motivação de todos na escola", defende Evely Boruchovitch, professora do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os bons projetos devem ser divulgados internamente, para a comunidade, e externamente, para as demais famílias e escolas da região, com apoio da Secretaria de Educação (leia mais no quadro abaixo). Foi assim, baseando-se em projetos de formação profissional e de valorização de alunos e educadores, que os gestores da EMEF Missionários Combonianos, em João Neiva, a 76 quilômetros de Vitória, puseram o círculo virtuoso para rodar, melhorando o desempenho das turmas (leia o relato ao lado).

O mesmo vale para os alunos, que devem ser incentivados a participar do projeto escolar por meio de instâncias como o grêmio estudantil. "É preciso ter alta expectativa em relação às crianças e aos adolescentes. Se acreditamos que são capazes de produzir bons resultados, eles avançam e, com isso, se motivam a aprender mais. Se ninguém lhes dá crédito ou novos desafios, podem até desistir da escola", diz Tereza Perez, diretora da Comunidade Educativa Cedac, em São Paulo. E, se os resultados pioram,  imagem da escola se deteriora e o círculo gira ao contrário.
Crescimento em rede
O desejo de renovar o clima institucional e dar novo sentido à aprendizagem deve partir tanto das escolas quanto das Secretarias de Educação. Não basta algumas unidades se tornarem ilhas de excelência, enquanto as demais permanecem estagnadas. Tampouco funciona a rede incentivar, mas não haver esforço interno para mudar. Nas palavras de Maria Helena Pádua de Godoy, consultora do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), em Belo Horizonte, "toda escola pode avançar quando os gestores têm vontade política e traçam estratégias certeiras para melhorar o ensino. Mas, ao mesmo tempo, é preciso apoio para cada instituição". A parceria favorece ainda a divulgação de bons trabalhos e a promoção do diálogo entre os profissionais, o que pode ocorrer por métodos convencionais, como reuniões e seminários, ou com a ajuda de meios de comunicação, como jornais, sites e comunidades virtuais.

Fonte: Gestão Escolar.Agosto, 2011

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